Soneto II

A vida diária, prosaica,

Carrega consigo uma mágica;

Um que de mistério profano.

Feito ritual pagão, insano.

E, para cada gesto que é vulgar:

Comer, respirar, mastigar, gozar...

Há um deus que se manifesta;

Faz seu altar e comanda a festa.

Embaixo, em cima, feérica,

Devora, a divindade, ao ser humano.

Fatia o desejo, sem modéstia.

Engolir, deglutir, regurgitar...

Carrega, ao ventre, o homem; lhe gesta.

Faz dele brinquedo; como negar?

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 10/02/2017
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