Soneto I
Que meu verso seja cristalino;
Fonte jorrando, pura e mansamente.
Para Narcíso, espelho de sua mente.
Naveguem nele, nínfas sem destino.
E econtrem portos certeiros,
Onde a imaginação as naus âncore.
E lá, das ninfas Baco se enamore:
Rolem na relva, trepem os outeiros.
Contudo, meu verso teimoso,
Insiste em ser mar, correr ao contrário;
Encrespa-se, fica caudaloso.
Transborda, assim, meu verso fogoso,
Num mar que é sítio vicário;
E morre sem métrica, langoroso.
VERSO VICÁRIO E VÁRIO
Ao encontrar teu verso valoroso,
Bem ancorado em águas cristalinas,
Seu versejar que rumos determina,
Ancore como um garanhão fogoso.
O verso assim torne-se o mais ditoso,
Com sua verve que bem nos ensina
A ser feliz cumprindo a sua sina,
Ou acanhado se ficar manhoso.
Num mar de praias como que vicário,
Seu verso tenha sentimento vário,
Lutando com as ondas em combate.
A poesia que pelo mar exibe,
Ecuja a rima proba se proíbe,
É a que canta a métrica do vate.
Interação de fcunha lima