GÊNESE LITERÁRIA

No meu sangue correm versos cuja hemoglobina é a rima,

Criando com muito afinco em meu cérebro um texto poético

E o anseio dele sair de mim, ganhar a liberdade me intima

A materializá-lo e ele com o leitor viver o discurso dialético.

Minha autonomia sobre ele pronto num papel dizima;

Deixando em mim, seu zeloso criador, certo ar herético,

Como pode gente uma criatura recém-nascida em si arrima

Com a total convicção e sabedoria de um ente profético?

Sem ter nenhuma alternativa, dou-lhe a carta de alforria

E o meu texto poético apresenta-se cônscio desde então

A diversos pares de olhos para que haja a consubstanciação.

A simbiose dará a ambos uma intelectual e saborosa parceria

Que os transformará em irmãos siameses por toda eternidade...

É assim a literatura na sua mais primeva e singela realidade.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 12/02/2017
Código do texto: T5910282
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