A bondade da maldade

Eu leio a constelação dos vocábulos

que odeiam a avidez seca do lucro...

Eu conto quantas vezes houve estupro

das virgens camponesas nos estábulos...

Eu sopro o meu barquinho de pirâmides

enchendo de conchinhas os meus livros...

Eu engulo felicidade aos litros

ao ver burocratas morrendo em trâmites...

Eu pego a mão das virgens estupradas,

convoco os meus vocábulos reinantes,

e monto o meu exército entre as farpas...

Passamos sobre todas como escadas

que nos levam, sobre ombros de gigantes,

à contemplação de uma orquestra de harpas!