Ao "Tirano" (2º Soneto da Trilogia "Dialética da Paixão")
(3-6-9-12)

 Como podes querer revolver o sagrado,
dessas águas pilhar os acervos da vida?
Cada dor... cada amor, do presente e passado,
que ficou nesse rio em fiança jazida.

Como podes querer a mulher a falsado,
seu encanto cassado, a vontade gerida?
É esfinge reversa, em seu credo firmado
de que se decifrada, a devoram sorvida.

Se te fosse existido um desejo acudido,
deverias velar a leveza do ar
em um bicho liberto... o vazio em contido.

E se pensas trazê-la em poder por amar,
tu precisas saber: a avidez é insana,
e a ti mesmo entender: é, tua alma, tirana.