Além! (3º Soneto da Trilogia "Dialética da Paixão")
(3-6-9-12)

— Como posso tomar desvalido despejo,
arremedos de vida, a meu sal salvador?!
Como posso conter um instinto desejo,
por encanto cambá-lo em polido candor?

Ah, nem podes pesar o penar de um andejo
retirante a outrora, assombrado em frendor!
Sou um cão desprezado, um vassalo sobejo,
arrastando em aclive os grilhões desta dor.

O querer é revolto, um voraz na conquista,
anafado de ardor, seguidor da vontade;
o later, seu regente, a razão, escapista.

A torrente do amor desconhece deidade,
nem se peja no mal, nem se queda por bem.
É amar um pulsar... da querença, um refém.