REJEIÇÃO
Sem jamais ter querido este martírio
Que no claustro me pôs agrilhoado,
Vi crescer, sem que não fosse delírio,
Um infausto tempo que não sufragado.
Nas terríveis horas, acorrentado,
Vi na penumbra, sem a luz do círio,
Almas co’espírito tão desgraçado
Que ansiavam as asas d’um Porfírio.
Visão do inferno de treva maldita.
Vejo-te! Mas, jamais, me alcançarás.
Teu canto nefasto não me concita.
Aos que em ti lançados regalarás
Com o fel amargo que só precipita
Os que dão ouvido ao que falarás.
(EDUARDO MARQUES 04/04/17)