ÚLTIMO FARDO
Mãos calejadas, sofridas, marcadas.
Rosto envelhecido de tão cansado.
Tanta dificuldade nas pegadas,
Tanto sofrimento tem carregado.
Desesperança num olhar tão distante
Que se esconde sem ter brilho nem luz.
A voz rouca, trôpega, claudicante,
Nada mais diz e em nada mais se traduz.
O tempo trouxe marcas, cicatrizes
E, como companhia, a solidão:
Voz silente e dura da realidade;
E, discursando para os infelizes,
No entardecer da vida o coração
Interrompe a si sem deixar saudade.
(EDUARDO MARQUES 11/05/17)