Valimento de Eva
Valeu-te a musa venal e corrompida
Por doce albergue de transfiguração celeste,
Virtude ativa a teus pés sem qualquer veste
Bem serviu ao principio sedutor da vida.
Na alquimia do coração rosa entretecida
Tua alma de meritório valor reveste
Que não vendo a chaga puta de sua peste
Ficaste côa flor da ação nobre escandida.
Que importa, oh imo meu, vicio ou pureza,
Tu, esteta, proclama mais alta a beleza.
Das carnes de Eva, e esquece-te da medida.
Do moral julgamento; venenosa torpeza.
Aflora na membrana fêmea, tem certeza,
Mas o nobre amor é graça garantida.