Narciso
 
Que amor é esse, que cultuo como santo,
Que me enleva, engrandece e me encanto?
Que amor é esse que atiça o meu ciúme,
E faz sair do sério, como é o meu costume?
 
Que amor é esse, que anulou meu pensamento,
Não me deixando ser eu mesmo, um só momento?
Ah! Esse amor, é aquele mesmo que pedia,
Com insistência fervorosa, na minha poesia!
 
Agora, que chegou, tenho você,
Que é minha, mas, me domina, e crê,
Que esse é o amor que eu preciso
 
Para me fazer orgulhoso de mim mesmo,
Para parar de falar, sozinho, a esmo,
E de pensar, que sou um novo Narciso!