Soneto da vida passada

Quando estava adulto, fiz promessa,

Que se meu pai morresse eu lutaria,

Mas digo: entre as lutas que teria,

A mais bárbara e mais atroz foi essa.

E depois que tantos anos se passaram,

Que a morte te levou malvadamente,

Eis que, assim e não mais que de repente,

Revejo tuas mãos que me afagaram.

Partiste, mas menino reencarnaste,

O teu tempo, sem meu tempo acompanhar,

Mas que neste novo tempo procuraste

O teu filho bem velhinho reencontrar

E na passada vida que tu deixaste,

Tu deixaste minha vida ultrapassar.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 06/07/2017
Reeditado em 23/05/2018
Código do texto: T6047058
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