Soneto da vida passada
Quando estava adulto, fiz promessa,
Que se meu pai morresse eu lutaria,
Mas digo: entre as lutas que teria,
A mais bárbara e mais atroz foi essa.
E depois que tantos anos se passaram,
Que a morte te levou malvadamente,
Eis que, assim e não mais que de repente,
Revejo tuas mãos que me afagaram.
Partiste, mas menino reencarnaste,
O teu tempo, sem meu tempo acompanhar,
Mas que neste novo tempo procuraste
O teu filho bem velhinho reencontrar
E na passada vida que tu deixaste,
Tu deixaste minha vida ultrapassar.