Fogo sob neve

"... e a todo momento, sem te beijar, eu estava te beijando; com as mãos, com os olhos, com o pensamento numa ansiedade louca." (Pablo Neruda)

FOGO SOB NEVE

É mais!... mais que fulgor, é intensa luz!

O ardor voraz que em meu peito inflamado

Abrasa sob neve disfarçado

Como dor dos que aceitam sua cruz!

No olhar esse amor sorri-te escondido

Na boca, desejos inconfessados

Se ocultam discretamente encantados...

Voejam nesse sentir incontido

Ardente amor, queima a alma lentamente

Como fogo, arde tenaz em porfia

Mesmo oculto é visceral e imprudente

E assim prossigo refém da agonia

De um amor circunscrito à tirania

E ao mesmo tempo doce e tão clemente