Um cachorro qualquer
Sob escaldante Sol de meio-dia
Queimando a sola num asfalto quente
Muito barulho, fumaça, agonia
"Quem dera matar 'ssa sede frequente!"
A todo tempo um desmaio iminente
Com sede, com fome e sem companhia
Maltratado por quase toda gente
Agora absorto numa noite fria
Temido e temente, sujo e perdido
Revirando lixo, desiludido
Sem um ossinho na boca sequer
Invisível, ao relento, sem lar
Como se esperasse a morte chegar
A não-vida de um cachorro qualquer