Timidez 
 
Empalidece o inocente empurrado para o mundo
Como emudece o ingênuo em resposta às malícias
Tal como entontece ao cume o despreparado alpinista
Vai-se o chão, giram estrelas mil rotações num segundo
 
Travam pernas, secam cordas, encurta a respiração
As palavras fogem loucas trocando o lugar das letras
Sombras flutuam nos claros simulando vista espessa
Frio por dentro, quente as bordas, dispara o coração
 
Todo o clima paralisa aguardando que aconteça
Os espaços se comprimem num túnel à imensidão
Logo acima a guilhotina prestes a degolação
 
Desejo de quem, alerta, sequer um músculo mexa
Tateando sob a luz a procura de um clarão
Fulminado pelos olhos que esperam a iniciação