Uma taça de cicuta a Cronos

"(...) tempo, demônio absoluto, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo..." (Raduan Nassar)

Um taça de cicuta a Cronos

Curvo-me ante essa força invisível...

Comando milenar de infame sanha

Crisálida: eclode morta da entranha

Como um potente ácido corrosível!

Rútila e feralmente irreversível

Traça na epiderme sua façanha

E indiscriminadamente tacanha

Traduz perante o espelho o indizível

Sob a etérea forma sublimal

Camufla sua intenção soberana

Jaz-nos! Mas com embrionária calma

Nesse aforreamento universal

Fiz-me serva em contraponto à tirana

Rendi-me ao privilégio de ser alma.