O passar dos anos

Hoje  quando  vejo  meu  vetusto retrato,
eu  percebo  que  algum recado ele me fala;
diz-me que fui, talvez, moço de fino trato,
daqueles  que,  nesta vida,  mandava bala.

Portanto,  àquela  mocidade eu sou grato,
seu ruído, na minha  audição ainda estala;
mesmo que já me seja próprio uma bengala,
e  não esteja tão  bem assim, o meu  olfato.

E sei, da juventude não encontrei a fonte,
jovem já fui, contudo agora não sou mais,
e  isto  não  preciso que o retrato me conte.

Pois me vejo perguntando pelos meu sais,
e são abundantes rugas na minha fronte,
as vezes, esqueço o  nome de meus iguais.
Jair Lopes
Enviado por Jair Lopes em 29/01/2018
Reeditado em 28/09/2018
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