SEM CHANCE
Sem Chance
O cidadão morreu na hora certa,
E não deixou parente assustado.
Quinze horas, conforme combinado,
Parou o coração. A porta aberta
Do céu o esperava e foi louvado
Por suas preces de uma vida inteira.
Achou por lá a sogra, a faxineira,
Seu bom gerente, um monte de cunhado.
Não entendeu a sogra estar no céu,
Nem do sogro, na cabeça, o seu chapéu,
Escondendo a careca mal polida.
Arrependeu-se dessa morte anunciada.
No céu não mudaria nada, nada,
Dos infernos que viveu em sua vida.