SEM CHANCE

Sem Chance

O cidadão morreu na hora certa,

E não deixou parente assustado.

Quinze horas, conforme combinado,

Parou o coração. A porta aberta

Do céu o esperava e foi louvado

Por suas preces de uma vida inteira.

Achou por lá a sogra, a faxineira,

Seu bom gerente, um monte de cunhado.

Não entendeu a sogra estar no céu,

Nem do sogro, na cabeça, o seu chapéu,

Escondendo a careca mal polida.

Arrependeu-se dessa morte anunciada.

No céu não mudaria nada, nada,

Dos infernos que viveu em sua vida.

Piloto
Enviado por Piloto em 08/02/2018
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