SONETO DO CIÚME

Voz que não conhece o diapasão,

tessitura e timbre do calar,

tenta em vão a dor justificar;

ousa atenuá-la a turbação.

Ave incendiada no calor,

alça chamejante esvoaçar;

é assim meu peito a desabar;

cego e saturado de rancor.

Eis que sinto a mão tão impotente,

dedos alapados e sem brio

não podem tocar perdida mente.

Juízo extraviado e sem razão,

parcial, imerso em mar bravio,

ei-lo aqui diante da questão.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 16/02/2018
Reeditado em 16/02/2018
Código do texto: T6255242
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.