Desengano

"Esta desilusão que me acabrunha/É mais traidora do que o foi Pilatos!.../Por causa disto, eu vivo pelos matos,/ Magro, roendo a substância córnea da unha." (Augusto dos Anjos)

Desengano

Uma reles alma ignota e feia

E uma caveira estúrdia de mortalha

São minhas unas amigas de igualha

Nessa vida em que estou de mágoa cheia

Nos vemos sempre à meia noite e meia

Às sextas-feiras treze na muralha

Onde quieto o coveiro só trabalha

No pluralismo imundo que o rodeia

Perdi a parca fé no bicho humano

O que faz aumentar essa agonia

O horror por minha raça a cada dia

Que mal há de fazer quem já morreu

Tristes seres putrescíveis como eu

Vagando à triste luz do desengano?

(Edna Frigato)

________________________________________

Interação do Poeta Sócrates Di Lima

Jaz um sonho no ataúde da saudade que retalha

em fragmentos de um amor em sombras

Nele grita a esperança com ecos de mortalha

na funestra lágrima que dos olhos sobra.

(Sócrates Di Lima)

Obrigada, Poeta Sócrates por essa bonita interação

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 31/03/2018
Reeditado em 03/04/2018
Código do texto: T6295920
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.