Soneto em stand by
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Porque não sei ser tépida às vezes peso a mão.
E comprimo as letras dos versos continuamente
Provoco sulcos, rasgo o poema constantemente.
Colho o caldo que vai do medo à expiação.
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Por abominar meias palavras, trafego assaz.
Exonerando o meio termo, arrisco-me transpor.
Ainda que sangre, mesmo que fira, e traga a dor.
Quero o verso inflamado, emocionado e vivaz.
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Porque parir letra é em mar indômito navegar
É às vezes admitir na transparente melancolia
Esse gosto de nada salivando minha poesia...
Por vezes da própria rebeldia, o amargor saborear.
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Enquanto a angústia que ora é minha, não se vai.
O coração vai desatar os nós, em stand by...
Glória Salles
-Registro na Biblioteca Nacional
-Ministério da Cultura
-E.D.A. —