RETRATO DA VELHICE

Um olhar tão opaco e entristecido

Na flacidez dum rosto tão cansado;

Um sorriso escasso e esmaecido

De quem já não vê nada engraçado;

Todo o peso do tempo já vencido

A cair sobre o corpo encurvado;

E a cada passo curto e dolorido,

A lentidão cansada do enfado...

Tendo as paredes como confidentes,

Sente os dias passando tão dormentes,

No marasmo implacável da mesmice;

E a morte, outrora tão impensável,

Agora é a paisagem indispensável

Neste túrbido retrato da velhice.

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 03/08/2018
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T6408169
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.