A UM POEMA (soneto)
Longe do rumoroso vozear da rua,
A mão escreve! Num aconchego
Da solidão, no alvo tom do sossego,
Teima e cria, e poli, avança e recua!
Mas que na forma és um desapego
Da quimera: e um poema construa
De tal modo, macio, sem a alma nua
Doando à imaginação como pelego
Do esforço estéril o hábil suplicio
Do narrador, porém, a cor agrade
A inspiração, sem nenhum factício
Porque o belo em sua real verdade
Borda e cose sem a linha de artifício,
Causando arfar e graça na simplicidade.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19, agosto, 2018 - Cerrado goiano