FOGO-FÁTUO (soneto)

Cabelos brancos! Dá-me calma no espanto

A esta tortura de sonhador, tolo e sofista:

No tempo o desdém ao tempo, veloz tanto,

E assim perdido pelo mais que não exista;

Tal fogo, que no espírito me é pranto

Me enregela e logo encalma, sou artista

De quimeras, reveses, e que, no entanto,

Deste fado, que ao criar tenho luz à vista:

Dando a melancolia remédio de alegria,

A razão saudade, e a loucura esperança

Assim, ardendo no peito a doce fantasia;

Se absurdo, absurdo é não ter teimosia

Pra fugir com a ilusão onde ela alcança

E então, ter a realidade cheia de poesia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Setembro de 2018 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 19/09/2018
Reeditado em 30/10/2019
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