DEVANEIOS (soneto)

Quantas vezes, em sonho, as asas da ilusão

Flechado pra onde estás, e fico ali no vazio

Me perdi nos devaneios, e então a solidão

Em um deserto agridoce: de amargor e frio

Angústia, minh’alma voa, quer outra direção

Soluça na treva, triste realidade que arrepia

Sonhos que mais parecem querer confusão

Estirado sob o céu, do cerrado, árida folia

Quantas vezes, a imensidão, assim calada

De cada canto passado, o olhar espantado

Via minhas lembranças no beiral debruçada

Quantas vezes, quantas vezes, a passividade

Da noite, num luar tão sedento e desfolhado

Fez lagrimejar cada versar de uma saudade...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Outubro de 2018 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 14/10/2018
Reeditado em 30/10/2019
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