Soneto de desesperança

A morte em si não é um contentamento.

Contudo, se abundam frustrações e dores,

se as horas são apenas circos de horrores,

melhor será ao desafortunado o passamento.

Nas manhãs nascentes já não há encantamento,

no íntimo florescem pensamentos espoliadores,

que de si mesmos são vis difamadores;

como a sarna faz definhar o cão sarnento.

Que futuro pode esperar um pobre esqueleto?

uma armação em ruínas, quem resgatará?

Quem esperança, num útero seco porá?

O que é viver, estando de tão morto repleto

num desassossego que nunca dormitará?

Pois da angústia sou filho predileto!

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 10/11/2018
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