Enlutada

Enlutada

Se a água do rio para o oceano corre,

Se tudo cai, Senhor! Por que não morre

A dor sem fim que me devora aos poucos?

(Súplica, Auta de Souza)

 

A dor que a tua falta me tem posto
consome os dias meus, transmuda tudo
em tenebrosa noite, e eu me transmudo
em sombra, ser obscuro e descomposto.

A dor - que me consome a carne, o rosto -
corrói-me os ossos, pele, conteúdo,
e me esviscera os sonhos sem, contudo,
findar esse martírio assim me imposto.

E nada me alivia ou me conforta,
prossigo sem saber-me viva ou morta,
sem rumo, sem destino sem caminho.

A dor que me devora e me esviscera
reside no vazio dessa espera
no colo da saudade, onde me aninho.

18 de fevereiro de 2.019

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 21/02/2019
Reeditado em 19/02/2023
Código do texto: T6580383
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