SONETO DA SAUDADE

Eis aqui pequena parte de um delírio;

Um afincamento inepto, exemplar;

Garotice travestida de martírio,

Expressão de um egocêntrico penar.

Um sentir que desafia o consentir,

Este que trago no peito por alguém

Que partiu e já bajula um outro bem,

Tendo-me paralisado, bem aqui.

Vivo dentro desse conto, descontente,

Sem futuro, sem amor, sem liberdade;

Neste inútil livro que ninguém mais lê;

Num esforço desconexo e incoerente,

Apego-me, cada vez mais, à saudade,

Que é o pouco que me resta de você.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 06/03/2019
Código do texto: T6590698
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