O milagre que não mereço
Porque vivi de ilusões hoje padeço
À sombra do que fui e não sou mais
Meus gritos abafados e meus ais
E a sina de um eterno recomeço.
Ser passageiro foi meu preço!
Viver sem porto, sem norte, sem cais,
Se Deus me ouvisse pediria: - Paz!
Mas, deste ouvinte também careço.
Tive nas mãos a chance derradeira
Mas meu coração de pedra, de geleira,
Atirou no lixo o único amor sincero.
Pela estupidez minha visão foi distorcida,
Cogito encontrar o amor em outra vida,
Pois não mereço o milagre que’inda espero.