criança que sou eu

criança, que sou eu, que não cresceu,

que não se conformou em ser adulta,

que os medos, bem lá dentro, ela os oculta,

que os sonhos só, da infância, é que perdeu.

teimosa ela é e birrenta, e bem que é boba,

que chora porque é triste desde sempre,

que guarda umas palavras maldicentes

no peito e que, porém, tem alma boa.

criança, que sou eu e que mendiga -

perdida na floresta mais antiga -

afeto, algum carinho, amor talvez.

criança, que, no entanto, não aprende,

que é sempre criança boba e renitente,

que é só, porque brincar não sabe nem.

andré boniatti -