Xis sobressalente

De mim sei bem. Eu sei um pouco mais

a cada verso, a cada não-poesia.

Sou (veja bem!) a grã-desarmonia

e estou timbrando as notas dos cristais.

Sei muito bem! Sou muda gota fria

cavando um vão em teu ventre, capaz

de oceanar teu riso. Aliás,

de celestiar teus olhos de euforia.

"Bem sei de mim." Dizendo assim, parece

até que sei. Até que o alicerce

do "quem sou eu?" me resolveu remir.

Só sei de mim um xis sobressalente:

meus lábios negam, meu olhar desmente

qualquer saber que não me leve a ti.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 14/12/2019
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