Soneto Rústico

Não consigo controlar o meu corpo

Nem a minha suja e assassina mente

E não suporto esse desejo porco

Que surge em minha pele de repente

Tua lembrança, tão meiga e tão doce,

Suga-me em um fervoroso convite

E o anjo transforma-se, como se fosse

Uma bela e sensual Afrodite

Torno-me cada vez mais torpe e feio

Porque o amor que sinto – sincero e eterno –

Esvaece-se e vejo o corpo e o seio

Lembro-me então do abraço, do olhar terno

E do belo canto lírico e anseio

Poder um dia fugir desse inferno.