Ignis fatuus

Quando tento escrever e não consigo

Na letra, o fogo-fátuo da palavra.

Eu aguardo pra depois e não desisto

De tal letra tão natimorta e vaga.

Como tempo e gosto de vinho antigo

De uma vinha, onde o bom nasce do nada,

Como um pão, sendo o moído de trigo,

E como o ódio que nasce da mágoa,

Eu guardo letras na minha gaveta,

Pois que nenhuma palavra prescreve

Enquanto meu pensamento divaga,

Na esperança, que no futuro escreva

Com o primor com que essa mão te escreve

E com esse amor que a outra mão te afaga.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 28/01/2020
Reeditado em 28/01/2020
Código do texto: T6852663
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