Ignis fatuus
Quando tento escrever e não consigo
Na letra, o fogo-fátuo da palavra.
Eu aguardo pra depois e não desisto
De tal letra tão natimorta e vaga.
Como tempo e gosto de vinho antigo
De uma vinha, onde o bom nasce do nada,
Como um pão, sendo o moído de trigo,
E como o ódio que nasce da mágoa,
Eu guardo letras na minha gaveta,
Pois que nenhuma palavra prescreve
Enquanto meu pensamento divaga,
Na esperança, que no futuro escreva
Com o primor com que essa mão te escreve
E com esse amor que a outra mão te afaga.