Narciso

Continua ali inerte a beira lago

A mirar o universo de reflexo

Do espelho de si em mim, algo complexo

No âmago do ego, um tanto vago.

Embebido em vaidade - Torpe trago!

Mergulhado em supérflua dor sem nexo

Traz a tona um sentir tão desconexo

Frente ao destino lúgubre e aziago.

Ao contemplar o vácuo de seus traços

Fez-se das profundezas seu regaço,

O seu reino abissal, desventurado.

Vida longa, assim diz seu vaticínio

Porém, não creu. Só nesse Auto Fascínio

Que levou-lhe a quedar, pois, afogado.

Paulino Pereira Lima
Enviado por Paulino Pereira Lima em 02/03/2020
Código do texto: T6878361
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