Narciso
Continua ali inerte a beira lago
A mirar o universo de reflexo
Do espelho de si em mim, algo complexo
No âmago do ego, um tanto vago.
Embebido em vaidade - Torpe trago!
Mergulhado em supérflua dor sem nexo
Traz a tona um sentir tão desconexo
Frente ao destino lúgubre e aziago.
Ao contemplar o vácuo de seus traços
Fez-se das profundezas seu regaço,
O seu reino abissal, desventurado.
Vida longa, assim diz seu vaticínio
Porém, não creu. Só nesse Auto Fascínio
Que levou-lhe a quedar, pois, afogado.