Pia palma

Não sobrou nada de mim, mas esta calma.

Uma dolência profunda e entorpecente

Como o abraço da paixão inconseqüente

Meio ao ruído pio: solitária palma.

As ondas em seu retumbar macio

Recitam um poema de abandono

Suave como o deleitar do sono

Pungente como a invocação do cio

Neste abismo de ausência e reencanto

Aturdido, esqueço-me e me encontro

Nas cinzas do meu tempo: espanto!

Quiçá então coubesse num soneto

A glória de encontrar-se em não se ver

E ser ao perder-se. Eis o nó deste dueto.