Solo dos que acabam

Ó desmedida febre fulminante!

Porque me preencheste de vazio,

Plantaste em minha boca ardor, fastio,

Numa maré revolta sem vazante?

Ardilosa te ergueste ser sombrio

Para lançar no abismo a luz pujante,

Tingir de escuridão o meu semblante,

Levar em tuas presas morto brio.

Nem uma sobra mísera deixaste

Para de travesseiro me servir,

Ou colo de consolo que me baste.

O ventre que me ergueu, me fez sair,

No solo dos que acabam semeaste!

Agora... mais ninguém me irá polir.

André Rodrigues 19/04/2020

(Em memória da minha Mãe)

Dom Poeta
Enviado por Dom Poeta em 21/04/2020
Reeditado em 22/04/2020
Código do texto: T6924639
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