Tempo x Tempo

Tempo – quiçá, tão presente, não me sejas

Tal qual um banquete frio, de mau gosto...

Ou um licor amargo de fétidas cerejas

Colhidas na insalubridade dos esgotos.

Sendo tu fosso invisível, que me vejas!

Aqui, na heterogeneidade deste posto,

O qual me coube entre vidas malfazejas

Cujo extravio me disseca a contragosto.

Se és combate, deixa-me voltar a Esparta.

Dá-me, tu, o saber da aranha que bem tece.

Dá-me a evolução da borboleta – um dia lagarta...

Pois se rezo ou não rezo, pouco te parece.

E se tenho uma flor, eu grito: ó vida farta!

Tempo ou temporal – tu és eterna prece...