SONETO DE VERTIGEM
E o anil do céu sem qualquer nuvem
Embalsama a sua carne nesta terra
Inato corpo heterogêneo e em vertigem
Segue o funéreo solilóquio que lhe encerra
O cárcere atmosférico é seu invólucro
E brilha com fraqueza sua cor parda
O oxigênio e a gravidade de seu fulcro
Tornam ainda mais inútil esta bastarda
Lamenta a sina de sua própria substância
A luz minguante ainda é sol que contamina
A escuridão domesticada desde a infância
E a natureza que lhe impõe a intolerância
Condena o ar que lentamente a assassina
Sentença posta por sua insignificância