Profano
Queria um texto azul sem forma ou rima,
Um verso brando escrito em folha clara.
Poema neutro em prosa e sombra rara,
Composto ao fim da noite, minha estima.
No entanto nada vem de encontro a mim,
Nem letra ou frase feita por vaidade.
E assim a vida escorre pela idade,
E escreve em verso frouxo um certo fim.
Não sei mais dos meus sonhos nem da vida,
Fugi do que não tenho rumo ao nada,
E nada trouxe além da vã jornada,
Jogada, nua e velha, tão ferida.
Não quero a forma azul do verbo insano
No vão do sonho fútil tão profano.