SONETO CREPUSCULAR

Se a chama desse instante mal domina

A angústia em cada olhar, viver é brisa

Em cujas asas vamos, sonho e sina

Insana que a si mesma não reprisa.

Amamos cada novo brilho à míngua

Do quanto um dia fomos, sem mentira

Aos lábios, sem qualquer certeza à língua

Em tempos cinza, em mar que se retira...

Traçar de tais suspeitas rotas, rumo,

Prevê nas chances doutro sol chegando

Um póstumo hoje, esboço dum resumo

Errando sobre nós o como e o quando.

No ocaso alguém dirá que tudo é lindo?

O agora é o sol que parte...mas vai rindo.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 10/06/2020
Código do texto: T6973618
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