Moça do fado

A moça vai tecendo o seu viver

Enquanto os galos tecem a manhã.

Na boca, o seu chiclete de hortelã;

Na bolsa, um troco em troca de prazer.

Costura o seu destino sem saber

O que a reserva o dia de amanhã.

Por hoje, quase ao fim do seu afã,

Não tem mais tantas coisas a perder.

Trajando uma existência dolorida

Bem cedo se tornou mulher da vida,

Brilhando entre os ditames da indecência...

A aurora descortina um novo dia

E enquanto a moça observa a hipocrisia,

Relembra os tempos bons da adolescência.