Máquina de Costura
Máquina de Costura
Numa pose intrigante, em um excêntrico objeto,
Bem tarde da noite havia um tagarelar medonho
Ali sentada, vó Maria, a trabalhar em seu projeto
E eu a considerar aquilo, ato suspeito e estranho!
Resistindo ao sono intenso, escondido e irrequieto
Ouvindo aquela cantiga: um ra-ta-ra-ta-ta risonho
Vendo nos pés de Maria, meu passatempo predileto
E concluindo de súbito: Ela faz mágica, pressuponho!
Era um bailar bem bonito: linha, tecido; muito afeto
Daquela família inteira, vovó bordava todos os sonhos
Em sua máquina de costura: sustentava a si e aos netos
O tempo da inocência é grande riqueza, eu suponho
E tal qual em fotografias, de um álbum todo repleto
Hoje em minhas memórias, imagens eu recomponho