SONETO INEXORÁVEL

Algo a caminho nesse quase agosto

E a Lua em Gêmeos ri de ingênuos brios –

Um pio da ave do agouro no seu posto

Evoca sonho escuro, em tons sombrios.

O que era e permanece, amor, desgosto,

Embala o sono da razão nos frios

Prelúdios desse tempo, ancião sem rosto

Ou só delírio espúrio em meus vazios.

Virá no afã do golpe inexorável

Da segadeira em dança exata e horrenda,

Em seu balé sinistro, insuportável.

A quem pareça amargo tal portento

Não proponho censura ou reprimenda,

Em tudo pleno em verso, um sacramento.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 21/07/2020
Código do texto: T7012643
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