SONETO INEXORÁVEL
Algo a caminho nesse quase agosto
E a Lua em Gêmeos ri de ingênuos brios –
Um pio da ave do agouro no seu posto
Evoca sonho escuro, em tons sombrios.
O que era e permanece, amor, desgosto,
Embala o sono da razão nos frios
Prelúdios desse tempo, ancião sem rosto
Ou só delírio espúrio em meus vazios.
Virá no afã do golpe inexorável
Da segadeira em dança exata e horrenda,
Em seu balé sinistro, insuportável.
A quem pareça amargo tal portento
Não proponho censura ou reprimenda,
Em tudo pleno em verso, um sacramento.
.