Soneto ao desespero

A fumaça que infesta os meus olhares

no caminho que ao céu voa escondida,

se mistura ao azul dos meus lugares,

combinando com os sonhos da partida.

E enverga a sanha ao sino que me apeia

à cama quente que me enlaça o peito,

e ao sono um par de noite em lua cheia

afana a luz dos olhos onde deito.

À pena a dor da lida em louco traço:

carpir aos meus pesares meus pedaços,

descasco à sombra o sol na pele inteira.

E estanco o gesto louco de um abraço

por não saber lidar com tantos passos,

pois ao poeta: o sonho que há na beira.