GUERREIRO VIKING

CAPÍTULO I - DEUSA HELL x AS VALQUÍRIAS

Valquíria, largue a alma desse guerreiro já! Não avacalha!

Hela, ele era um grande guerreiro, merece ir para Vahalla.

Só vai para Vahalla o guerreiro morto em campo de batalha,

Portanto, Valquíria, não tem nenhum fundamento a sua fala.

Suma com suas companheiras. Deixe tudo por minha conta.

O guerreiro foi morto com uma espada nas costas cravada.

O homicida franzino sofreu do guerreiro uma grande afronta,

Sem coragem para encará-lo de frente, armou uma emboscada.

O algoz não teve paciência de levar o guerreiro à uma assembleia.

Ele lavou sua honra de forma vil, individual, covarde e traiçoeira.

Quando morrer e vir para cá sofrerá tanto que ele nem faz ideia.

Mas o assunto agora é a alma do guerreiro. Reforçarei o que disse:

Valquírias, vão embora sem o guerreiro e acabe com a baboseira.

Hellheim, minha morada, é para onde ele vai e chega de tagarelice.

CAPÍTULO II – O GUERREIRO

As semideusas Valquírias foram embora, para a minha tristeza.

Elas eram muito lindas e me levariam para Vahalla, lugar ideal...

Estou diante da deusa do inferno, o que me causa estranheza.

Hela tem um corpo metade mulher e metade cadáver abissal.

Se estivesse vivo, minhas narinas estariam sofrendo horrores.

Do corpo dela saía um forte cheiro horrível de carne putrefata.

Hela, sei que você não é má e sim justa. Ouça os meus clamores.

Morri, eu sei, porém sem ter como me defender de forma exata.

A mulher do fracote me assediava vinte quatro horas do dia.

Não deitei com a mulher dele. De fugir dela já estava cansado.

Achei o marido débil num bar cheio e lá lhe falei o que deveria

Ele não me chamou para rum duelo, nem para pagar uma multa

Para lhe reparar o dano e nem a uma assembleia fui convocado

Traiçoeiramente o marido com uma espada minha vida oculta.

CAPÍTULO III – ASSEMBLEIA VIKING (TING)

Sejamos sensatos. Ambos não fizeram o que era correto fazer.

As leis vikings são transmitidas oralmente de geração a geração.

A assembleia viking é um parlamento, onde tudo pode resolver.

Por que não levou à assembleia seu caso de possível traição?

Por que levar tal caso a um bar lotado e justo com o imolado?

Acha que a vítima iria agir só depois que a traição acontecesse...

Você é forte, um guerreiro. Se lutasse consigo seria derrotado;

Não haveria nenhuma chance para que o marido o vencesse.

Por ser um grande guerreiro, o marido o considerou um tolo.

Daí ter optado por lhe armar uma cilada. E você caiu direitinho.

Quando você deu por si, estava ante as valquírias e eu. Que rolo!

Agora, se alegar que não aplicou a lei por não saber, você é imoral.

Na assembleia haverá sempre alguém que possa explicar tudinho

Caso tenha alguma ignorância à lei; seja ela completa ou parcial.

CAPÍTULO IV – HELA, A DEUSA NÓRDICA DO SUBMUNDO

Guerreiro, eu quero saber de sua boca o que sabe sobre mim.

Digo que você é filha do deus Loki, com a giganta Angurboda.

LoKi é o deus da trapaça e Angurboda, a deusa do medo, enfim.

Tem dois irmãos, Fenrir e Jormungandr. A minha crença acomoda:

O primeiro é um lobo imenso e o segundo uma serpente gigante.

Você, Hela, é metade mulher e outra metade corpo encarniçado,

Causador do seu exílio de Asgard (morada dos deuses). Doravante,

no submundo, tornou-se soberana - o que foi de seu pleno agrado.

Com tanta felicidade, você deu de presente ao deus supremo Odin

(Quem a baniu para o inferno) dois corvos. As aves passaram a ser

Mensageiros de Odin. Em sua morada, adquiriu um poder sem fim.

O seu poder é tão grande que nenhum deus a vencerá em seu lar.

Ama tanto seu novo domicílio, que voltar a Asgard, não mais quer.

Os deuses que fiquem em Asgard e não venham aqui a incomodar.

CAPÍTULO V – A MISSÃO DE HELA

Já disse, Hela, que você é totalmente justa. Não é boa, nem má.

Seu dever é receber os recém falecidos cuja morte não foi gloriosa:

Doença, de velhice, parto, suicídio, assassinato... não vem para cá

corajosos guerreiros que morrem lutando, numa batalha grandiosa.

Pessoas bondosas em vida, têm de sua parte toda consideração.

Tem dó de bebês e mães que no parto são abraçadas pela morte.

Porém a alma que foi mal em vida, não terá jamais sua compaixão,

será jogada sem remorso nas profundezas, sem qualquer aporte.

Julga com retidão as almas, se elas merecem ou não encarnação.

Voltando às rés do parto, você dá a elas um carinho todo maternal.

No dia do ragnarok, a guerra entre os deuses, manterá sua isenção.

Guerreiro, estou fascinada com o seu conhecimento sobre mim.

Se ficou atento no que disse, saberá o porquê de parar nesse local.

Mesmo triste eu sei que tem razão, Hela, mas errar é humano sim.

CAPÍTULO VI – O MUNDO INFERIOR DE HELL (HELHEIM)

Para chegar até aqui, o recém falecido uma ponte terá que passar

Onde o chão é de cristais. Depois ele atravessa um rio congelado.

Nessa ponte, a alma terá permissão de uma guardiã para entrar

em Hellheim se pagar moedas de ouro pelo serviço a ser prestado.

Um ser vivo para entrar aqui, deve um ótimo motivo apresentar.

Há um lobo enorme de quatro olhos e cheio de sangue no peito

Acorrentado na entrada do seu submundo. Ninguém pode entrar

Ou sair. Almas com instinto de deserção não fogem, não há jeito.

Hela, seu mundo inferior possui nove regiões, onde, sabiamente,

Você distribui as almas segundo a vida terrena que elas tiveram.

Aqui é nebuloso, frio, sombrio. Para um guerreiro é deprimente.

Você tem um ótimo conhecimento sobre o meu mundo, guerreiro

Vejo que o inconformismo e a tristeza em seu ser se mantiveram.

Ao mesmo tempo você ainda busca uma saída ao seu desfiladeiro.

CAPÍTULO VII – O CASTELO DE HELA

É deprimente você estar aqui? O que dirá então no meu castelo?

Lá, as paredes são feitas de sofrimentos, meu leito, preocupação;

Minha mesa é feita de fome, a porta, de precipício. Ainda chancelo:

Meus serviçais são o atraso e a vagareza, minha faca é a inanição.

Deixo claro que eu não tenho sofrimento, preocupação, vagareza,

Fome. Tais substantivos abstratos os deuses usam para punição.

Utilizei-os para ter conforto, para eu viver bem na minha fortaleza.

Aqui, tenho paz, poder, para manter minha justiça sem restrição.

Guerreiro, deus sol Balder mora aqui, Foi morto pelo irmão dele,

Irmão gêmeos por sinal. Foi morto numa festa e acidentalmente...

Plano de meu pai, Loki. Balder é deus, mas isso não o salvou a pele.

Odin veio, em vão, para cá resgatá-lo. Quem manda aqui sou eu!

Falo isso para provar que estou sendo justa consigo, realmente.

Balder foi assassinado está aqui e um mortal então? Entendeu?!

CAPÍTULO VIII – MISSÃO FRACASSADA

Odin, o resgate do guerreiro por você solicitado, fracassou.

Na hora de trazê-lo para cá, Hela surge, faz valer dela o direito.

Você não poderá encarnar o viking. Ao submundo, Hela o levou.

Na minha opinião, vocês foram bem lentas no resgate, pelo jeito.

Haverá um confronto prejudicial aos vikings com exército franco.

Só o guerreiro em poder de Hela poderá reverter a tal situação.

sem ele, Valquírias, o aguerrido exército viking vai ficar manco.

Outros soldados do nível dele, em outras frente da tropa estão.

A saída que vejo é procurar Hela de novo e pedir dele a liberação.

A deusa do submundo já acatou pedido meu. Vou tentar de novo.

Odin, Hela acatou de fato, todavia impôs uma impossível condição.

Por isso não deu certo. Terei que ficar atento às artimanhas dela.

Elaborarei um discurso. Verei, outra vez, se a deusa Hela comovo.

Vai sim! Quer que o acompanhemos? Não. Não preciso de tutela.

CAPÍTULO IX – VOCÊ AQUI OUTRA VEZ, ODIN

Hela, preciso que você liberte o guerreiro viking aqui aprisionado.

Odin, eu não tenho prisioneiro. Aqui é o destino dele, você sabe.

Perdão! Expressei-me mau. O guerreiro precisa ser agora libertado.

Odin, para situação dele, nenhuma desculpa que você der o cabe.

Hela, o povo viking entrará em guerra com o exército franco. E daí?

Os mortos em batalha, Vahala. Os que não lutaram virão para cá.

Hela, o exército viking será ceifado sem o guerreiro que está aqui.

Ele é vital à vitória dos vikings, nosso povo. Vai deixar para lá?!

Não imponha condição. A resposta é curta e grossa: não ou sim!

Você ou eu podemos devolvê-lo ao mundo dos vivos; basta querer.

Que decisão difícil. Você me coloca em cada enrascada, deus Odin.

Hela, você sabe que ficar aqui esse guerreiro viking não merece.

Ele vacilou ao subestimar o adversário. Deveria ter ficar atento.

Faça como fez com Balder. Em que minha proposta não apetece?

CAPÍTULO X – INTERCERSSÃO DE ODIN

Não estou mandando. Aqui o meu poder é muito menor que o seu.

Odin, a questão é: como não manter para todas as almas tal direito?

A justiça continua a mesma! Você apenas acatou um pedido meu.

Odin, Só desta vez! Não me peça mais para mudar o meu preceito!

Contudo quero conversar com o guerreiro viking antes de liberá-lo.

Guerreiro, você vai voltar a Midgard. Odin me pediu sua liberação.

Voltarei para terra? Obrigado Odin. Como poderei recompensá-lo?

Só quero uma coisa: vitória contra os francos... Prometo-lhe então.

E para mim, guerreiro viking? Que recompensa você irá me ofertar?

Eu sou guerreiro, Hela! Posso ofertá-la em cada batalha a vitória,

Mesmo que na morada dos deuses algum deus venha me censurar.

Aceito, heroico guerreiro. Dar-lhe-ei a encarnação. Boa conquista.

Odin, pode levá-lo para que vença a luta e obtenha dela a glória.

Sinto por não querer ficar aqui, Hela, mas sou apenas um idealista.

CAPÍTULO XI – A VITÓRIA

A batalha dos vikings com os francos se concretiza, infelizmente.

Cadáveres de dois lados vão se alastrando na terra ensanguentada.

O guerreiro maneja sua espada e o arco e flecha magistralmente.

Um por um ele ia abatendo e gargalhava dos francos em retirada.

Com o arco e flecha atirava nos desertores sem dó e nem piedade.

Quando um franco desertor caía no chão, o guerreiro gritava feliz:

Deusa Hela, esse é o meu presente para você. Fique à vontade...

Valquírias, levem para Vahala os meus amigos guerreiros varonis.

Assim que a batalha terminou, o guerreiro cumpre o combinado.

Ajoelha no campo de batalha e oferece a vitória para deusa Hela.

O deus da guerra Tyr repreende o guerreiro. Estava enciumado.

Tyr, não fique chateado comigo e nem me castigue. Há uma razão

Para eu ter esse procedimento. Tenha compaixão, não me flagela.

Odin pode testemunhar a meu favor. Dê -me a sua compreensão.

CAPÍTULO XII – COMPREENSÃO DE TYR

Quando um deus está diante de um infiel só resta aniquilá-lo.

Como não é uma batalha, guerreiro, vá chorar no submundo.

De repente alguém segura a mão de Tyr. Não pode matá-lo.

Odin, estou sendo desrespeitado na frente de todo mundo.

Estou lutando ao lado dos vikings durante toda a batalha.

A deusa Hela está lá no mundo inferior. Ela nem aqui veio

e esse ingrato dedica sua vitória à filha do Loki. Canalha!

Tyr, o guerreiro agiu certo. Tire do seu peito esse receio.

Odin conta o ocorrido detalhadamente, com precisão.

Tyr ouve atentamente, olhando para o ímpio guerreiro.

Mortal, diante do que Odin me disse, eu o perdoo então.

Vá viver sua vida e não vacile. Até o próximo confronto.

Obrigado, deus Tyr por lutar ao meu lado tempo inteiro

E ver que a dedicação a Hela não lhe foi nenhum afronto.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 27/10/2020
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