Soneto da ansiedade

Magricelo o mastro antes da vela;

a quermesse sem reza, o cós sem beira;

e o poeta se rende antes da espera,

não por triste que é, mas porque anseia.

Embaraça em destreza a liturgia,

arreia à grade a égua em que se pula,

prega roscas e porcas n'água fria,

e por sobre a armadura arreia a nuvem.

Amor aberto, um favo na fivela

pra fiar doce a luz por toda a cela;

talha o teto por sobre e na costura.

Louco de pedra, vive na banguela;

se o alfabeto estanca na gravura,

faz em vez de firmar, rimar a jura.