Encontrei meu lugar na matéria gasta

Encontrei meu lugar na matéria gasta

Nas coisas que definham, na decomposição

Em restos, destroços, nas cinzas do chão

Em tudo que apodrece e no verme que se arrasta

Encontrei meu caminho nas coisas nefastas

No hediondo, no abismo na escuridão

Voltei-me para a angústia do meu coração

Pois a vida é ilusão e o resto não me basta

E tudo se reduz em cinzas e fumaça

Aceitei meu suplício abraçando a desgraça

E não ponho verniz no absurdo da vida

Vago pelo mundo expondo as minhas feridas

Eu desprezo a mentira que conforta

Repousando entre os sepulcros e flores mortas

Thiago Araujo
Enviado por Thiago Araujo em 10/12/2020
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