Relâmpago
Para o amor relâmpago existe lenitivo:
há quem ande de carro até a gasolina
acabar e ouvir atrás muita buzina,
porém há quem termine triste, disjuntivo,
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derramando suas dores em libação alcoólica.
Eólica é a dor que vai aos quatro ventos,
a dor de certa ausência ainda em pensamentos,
dor que se torna longa e melancólica.
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Dor que dentro do copo tenta ser volátil,
dor que nunca acaba: ene, a, ó, til.
Mas no amor relâmpago essa dor é traste,
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o coração sempre é um músculo contrátil,
não gosta de esforço, prefere algo sutil,
embora não silencie, prefere o contraste.