Quatorze versos

Assim se constrói meu lamento

Poema torto e desajeitado

Letra por letra eu transbordo

Me derramo no papel pardo

Tinta que rasga o papel em fúria

Escrevo em linhas a minha cólera

No rodapé planejo a fuga

Em poesia declaro a derrota

Se minha alma é só um rascunho

E a palavra minha carne viva

Cada estrofe que machuca a folha abre uma ferida

Se sinto a dor da caneta

Que faz sangrar meus cadernos

Recito a mágoa dos cortes doídos em quatorze versos