A Clareza da Noite

Surgindo a noite, a solidão me abraça,

E extingue o lume da minha tristeza;

Ventos frios me beijam com leveza

E num instante o ceticismo passa...

Bebo as lágrimas minhas numa taça

E despejo palavras sobre a mesa,

Tal como se minha alma andasse presa

E pra sair quebrasse uma vidraça!

E quando volta o dia à sua rota,

Mais uma vez, em meu coração, brota,

Um temporal de lamentos diversos,

Pois o fim da noite é um sonho amargo

Como as obscuras sombras de um letargo;

E assim, nascem e morrem os meus versos.