ENSANGUENTADA

A salvação e a morte não podem olhar nos olhos uma da outra.

[Berthe Morizot]

Perdida em mim esta alma ensanguentada,

Em cada veia jorrando um destempero,

Que alçado pela mesma punhalada

Se dobra ante o algoz parvo e traiçoeiro.

De embustes e perfídias tão pesada

Expande no infinito o seu mau cheiro,

Cravado na perpétua e podre ossada,

Esvai-se em rasgos vãos de desespero...

Maldita! Presa ao estúpido fascínio,

Dos teus olhos perversos, sensuais,

Uns olhos mais gelados que alumínio,

Arautos de mil fórmulas fatais,

Carregam em si o horrível vaticínio

Dos meus insanos instantes finais.

Alessa B
Enviado por Alessa B em 24/01/2022
Código do texto: T7436355
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.